domingo, 25 de agosto de 2013

Nova Realidade – Novos Paradigmas...


Por Artur Alonso Novelhe

«Intrinsecamente, todos os seres vivos são completos e perfeitos, dotados de virtude e sabedoria, apenas pensamentos ilusórios impedem que percebam isso». (Buda)

A essência da vida é mudança. E nós vivemos escravos de sensações, ilusões, medos, aversões... E ânsias de possuir um pó que o vento arrasta ainda mesmo fechando nossos punhos, ainda mesmo habitando essa casa sem janelas (que continuamente tentamos construir sonhado criar a nosso redor uma imaginaria fortaleza). Esse pó tem diferentes formas segundo os apegos de cada ser: uma ideia politica materializada em forma de verdade suprema, uma ideia religiosa veiculada através da única salvação possível, uma ideia fixada de imunidade bondosa... Assim como a falsa crença do apego ao mito familiar, a tribo, a raça, ou ideal superior duma nação impossível, como essência daquilo que achamos ser certamente nossa origem. Outros vivem suas cadeias mais apegadas ao mundo material: dinheiro, riqueza, poder terrenal.... Ambos esperançados – na visão idealizada – acabam por ensonar que podem impedir, em certo modo, à mudança: que o vento arraste o pó que eles dentro de seus olhos acumularam.

Despois estão os que querem salvar o mundo – e a miúde nem sequer são capazes de salvar-se a eles próprios – fato que uma vez experimentado não se pode realizar, traz consigo o surgimento da frustração e o apego ao capricho “do quero e não consigo”, iniciador dor corporal criada por nosso menino insatisfeito. Pois o pó, gostemos ou não, será barrido pelo vento.

Temos um grave problema de percepção, que afeta todo o sistema: desde a concepção do pensamento às conseguintes ações logo a realizar, e que ao final criam nossa realidade palpável. Como bem analisou Fritjof Capra no seu livro “O ponto de Mudança”, o racionalismo cartesiano e o mecanicismo de Newton (que significaram uma enorme dávida na sua época) assim como visão, deles derivada, entorno do corpo humano, a natureza e o cosmos como uma maquina precisa: um grande mecanismo – um relógio imenso, onde cada peça podia ser estudada por separado e onde cada problema podia, de algum jeito, obter solução isoladamente; estão a dia de hoje em questão e mesmo já, na pratica, ultrapassados. A própria tecnologia já os tem contornado, caminhado devagar rumo a um novo paradigma. No entanto esta visão foi fulcral para estabelecer as bases e alicerces sobre os quais girou toda a Idade Moderna, como bem afirma Danah Zohar, no seu magnifico livro “O Ser Quântico”: “As imutáveis leis da História descritas por Marx, a luta desesperada pela sobrevivência de Darwin e as tempestuosas forças da sombria psique de Freud devem, em alguma medida, sua inspiração à teoria física de Newton”.

Mostremo-nos calmos. Reconheçamos a simples vista a mudança. Lembremos o rio de Heráclito, aquele no qual não podemos banhar-nos duas vezes e pretender que o rio e nós segamos sendo mesmos.
Reconheçamos a interdependência entre todos os seres e elementos que podemos observar na mais próxima natureza. Precisamos abrir não só a nossa mente senão também as nossas praticas e com elas sossegar nosso coração flamejante. Fujamos dos extremos, como afirmava Buda: O sofrimento físico traz perturbação à mente. O conforto físico apego as paixões.

Iniciar o caminho do meio longe das perturbações e dos desejos que geram paixões é um principio. Com esse atuar paulatino poderemos melhor enxergar os novos paradigmas, através dos quais, sem nós saber, a humanidade está evoluindo em procura de acomodar-se as iminentes provações derivadas das novas e continuas mudanças.
Novo Paradigma
Desde uma visão mais aberta, tendente a não deitar mais pré-conceitos sobre o significado mesmo da vida, poderíamos almejar a ideia nova e revolucionaria – e não entanto já contemplada quase desde quase as primeiras culturas humanas - de o espirito ter presencia no seio da matéria. A física quântica pode ajudar a tomar consciência de essa “nova realidade”. Perguntas como: O que a realidade, como se forma? Há alguma inteligência superior que subjaze a essa realidade? Podem ter melhor acomodo graças às ultimas investigações no campo da física subatômica.

Se da o caso que a nível subatômico o ser pode ser descrito como partículas solidas ou como ondas. É a denominada dualidade “onda-partícula”, sendo o mais sobressaliente deste realidade que nenhuma das duas percepções “partícula” ou “onda” tem real precisão analisada isoladamente, e que tanto um aspecto como o outro devem ser considerados a hora de analisar a natureza do ser. Esta complementariedade de onda e partícula intrinsecamente nos achega a um principio etéreo da matéria...
O Sutra do Coração nos diz:...”vazio não é mais do que forma; assim forma é vazio, vazio é forma”, coincidido plenamente com a visão quântica.

Mais são a condizer, com outras tradições espirituais, muitas das múltiplas visões que a nova física introduz na nossa percepção limitada da realidade através de uma minuciosa e cuidadosa metodologia cientifica. Estas propostas cientificas estão plenamente acomodas com aquelas que a traves do método introspectivo de procura da verdade tem encontrado, ao longo de séculos, a mística.

O mestre vietnamita Thich Nhat Hanh nos adverte nos seus preceitos da Interexistência: “Não pense que o conhecimento que agora detém é a verdade imutável e absoluta. Evite a tacanhez de espírito e ficar preso aos pontos de vista atuais... A verdade encontra-se na vida e não no mero conhecimento conceptual.” Renovação, ar fresco ou a asfixia condicionada atual, na qual o único poder emana da matéria – guiada pela única energia construtora (agora destrutora) do capital financeiro – criado no ventre da perpetua cadeia da divida: escravidão.

Por outro lado a mudança face ao paradigma quântico nos permite continuamente assumir como próprias e da nossa responsabilidade as situações que acontecem ao longo da nossa existência, pois elas formam parte das nossas escolhas, dado nossa consciência ser a criadora da nossa circundante realidade. Como bem diz o físico quântico indiano Amit Goswami: 
 
... A consciência é que é o fundamento de tudo o que vemos e percebemos e, portanto, nós podemos decidir as nossas próprias escolhas... Escolha e responsabilidade são as palavras chave desta nova ciência”

Dai essa responsabilidade ganha nos liberta profundamente das ataduras percebidas naquele velho paradigma para o que unicamente eram importantes as circunstancias externas. O homem em ele era alvo e, não ator, dos aconteceres. Mudando, pois do mundo das obviedades para o mundo das probabilidades, dado que na mecânica quântica ao invés da mecânica clássica a posição inicial e o movimento não podem ser determinados matematicamente: pois o estado inicial duma partícula subatômica não pode ser estabelecido com precisão. Isto revela que a incerteza forma parte também da maravilha de viver. Esta incerteza criadora de preocupação provocadora de medo no antigo paradigma (onde nós éramos dependentes das circunstancias) se torna em incentivadora, dentro dum novo paradigma onde nós somos os criadores das nossas circunstancias, navegando através dum cenário determinado por múltiplas probabilidades tornadas em possibilidades reais, criadas pela consciência, tanto individual como coletiva.

Essa consciência que vive no momento presente, desapegada do fumo do passado e das especulações do futuro, forma parte da inteligência universal que rege todo o cosmos, desde as nossos mínimos átomos e células, ate o mais complexo sistema solar. Para poder acessar ao poder de essa inteligência e permitir que sua energia flua por todo nosso corpo é preciso libertar-se das algemas e correntes que nos atam ao fumo do passado, a projeção que este insere sobre o futuro e a sensação de nosso momento estar sempre fora de lugar.

Com este novo marco referencial, continuamente nascido no agora, podemos encarar o sofrimento, tal como afirma o mestre Eckhart Tolle, no seu revelador livro “O Poder do Agora”:

O sofrimento que sentimos neste exato momento é sempre alguma forma de não aceitação, uma forma de resistência inconsciente ao que é. No nível do pensamento, a resistência é uma forma de julgamento. No nível emocional, ela é uma forma de negatividade. O sofrimento varia de intensidade de acordo com o nosso grau de resistência ao momento atual, e isso, por sua vez, depende da intensidade com que nos identificamos com as nossas mentes. A mente procura sempre negar e escapar do Agora. A mente não consegue funcionar e permanecer no controle sem que esteja associada ao tempo, tanto passado quanto futuro, e assim ela vê o atemporal Agora como algo ameaçador. Na verdade, o tempo e a mente são inseparáveis. Imagine a Terra sem a vida humana, habitada apenas por plantas e animais. Será que ainda haveria passado e futuro? Será que as perguntas “que horas são?” ou “que dia é hoje?” teriam algum sentido para um carvalho ou uma águia? Acho que eles ficariam intrigados e responderiam: “Claro que é agora. A hora é agora. O que mais existe?

Os pés e as mãos conhecem o desejo da alma,
fechemos pois a boca e conversemos através da alma.
Só a alma conhece o destino de tudo, passo a passo.

Vem, se te interessas, posso mostrar-te”
(Jalal al-Din Rumi)


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