terça-feira, 5 de fevereiro de 2013

Ignorância e Poder.


Por José Manuel Barbosa

A história do ser humano é uma constante luta contra o desconhecimento na procura do saber e da ciência, o que converte a ignorância no elemento negativo a vencer mais importante de todos. O conhecimento e o saber dão poder, mas quem tem conhecimento e está à contra do poder político converte-se num herege, num apóstata e num subversivo. O autêntico poder sempre está na sombra e à vista estão pessoas na maioria das vezes medíocres e pusilânimes que mais do que nada estão para cobrir um vazio necessário e passar o tempo histórico que há que exprimir ao vulgo, mas quando realmente a lucidez e o poder se aliam é quando a história dá personagens que são autênticos pontos de referência para a humanidade; no entanto, aqui do que vou falar é de todo o contrário; vou falar da ignorância com poder, que é o mais comum e o que está mais presente no dia a dia, como no caso do primeiro presidente do Panamá, Amador Guerrero quem organizou um acto político de importância internacional o dia que o Canal de Panamá se abriu ao trânsito marítimo.
 O Senhor Guerrero convidou todas as delegações das armadas europeias à apertura do Canal em 1914, mas comprovou como alguns países não assistiam nem deixaram nada dito no que diz respeito da sua assistência, como foi o caso da Confederação Helvética. Incomodado, o Senhor Guerrero, e ofendido porque nenhum barco da Suíça tivera assistido a tão importante inauguração, deu ordem aos seus ministros para prepararem com toda a formalidade, uma declaração de guerra contra tão impertinente país. A final e não sem pouco esforço, conseguiram fazer-lhe entender que a Suíça não tinha frota, e muito menos militar.
            Outro caso absurdo de ignorância com poder foi o do primeiro delegado dos EEUU (não podia ser de qualquer outro país!) no Conselho de Segurança da Organização das Nações Unidas, Warren Austin, quem em 1948, quando se estabeleceu o novo Estado de Israel, a tensão política chegou a tal ponto que acabou em uma guerra aberta entre os hebreus e os palestinianos. O Senhor Austin pediu publicamente desde a ONU aos dous países que arranjassem o conflito “como bons cristãos”.

            Lembro também o caso que aconteceu em 1890 na Abissínia. O Negus, quer dizer, o monarca do país, Menelik II, teve conhecimento da invenção da cadeira eléctrica três anos antes por Harold Brown, um empregado da empresa que era gerida polo famoso Thomas Alba Edison. O macabro invento chegou ao conhecimento do Menelik que pensou que aquilo ia ser um autêntico símbolo do seu poder naquele pobre país, mas não se deu conta, nem sabia o bom do homem, que aquele instrumento de morte funcionava com electricidade, cousa que na Abissínia dos finais do século XIX ainda nem se sabia o que era. O Negus comprovou como aquela cadeira virava totalmente inútil para aos seus fins quando teve a oportunidade de tê-la presente. Por fim e para sair do assunto com certa elegância decidiu utilizá-la como trono.

            Vem-me à memória mais outro episódio não menos engraçado, e é que nos anos anteriores à primeira guerra mundial, o Sultão da Turquia Mehmet V deu ordem de capturar um grupo de mercadores austrohúngaros que penetraram no país legalmente para favorecerem as revoluções no Império Otomano comunicando com total liberdade e impunidade pelo país mensagens em clave para subverter o ordem político estabelecido. Quando o governo autrohúngaro por meio dos seus legados investigou o assunto, descobriu que os pobres mercadores vendiam bicicletas cujas dínamos eram capazes de realizarem um alto número de revoluções por minuto e as mensagens secretas não eram mais do que fórmulas químicas de farmácia para curarem pequenas feridas da pele.

            Pois bem, tudo o que acabamos de contar parece próprio de épocas obscuras nas que as culturas e as civilizações estavam ainda com os cueiros postos, mas é que o que vos vou contar agora aconteceu na Galiza “autoanémica” -como é que diria o nosso José Manuel Beiras-, do século XXI e é a notícia saída no jornal “La Región” de Ourense o passado dia 20 de Janeiro de 2006 na página 23. Nesse pequeninho artigo situado na margem da folha diz-se-nos que uma organização chamada FUNDEU (Fundación del Español Urgente) acentua o apelido FEIJÓO no primeiro “O” segundo a sua análise diária do uso da língua espanhola nos meios de comunicação e faz uma advertência de que o segundo apelido do político dos Peares do PP Alberte Nunes Feijó (Alberto Nuñez Feijóo) leva “tilde” -como se lhe chama em castelhano ao acento gráfico-. As razões são fundamentalmente de uso por parte da sua família pelo que anima a respeitar a grafia escolhida por eles.

            A nossa opinião é que a palavra “Feijó” é uma palavra galego-portuguesa, não castelhana, e que nós grafaríamos com um só “O” e com “J” proveniente da forma greco-latina PHASEOLU que teria por significado o mesmo do que Feijão de cujas formas é variante; seria o nome vulgar e extensivo que se lhe dá a umas plantas da família das leguminosas, com espécies, variedades e formas muito cultivadas e apreçadas na alimentação. Tem por sinónimo Fava e o seu correspondente castelhano seria “Frijol”, termo muito utilizado em alguns lugares de América.

            Não sei se essa fundação linguística defensora do idioma espanhol tem qualquer publicação onde nos aconselhar a utilização de formas tão espanholas como “Guáxinton” para a capital dos Estados Unidos; Yan Yaques Custó para o conhecido oceanografo francês; Roberto Xúman e Güilian Xespir para o famoso músico germano e para o literato inglês; Margarita Zaxer para a ex-primeira ministra britânica (ou Margarita Colmenero!! Que também poderia ser) ou Fransuá Miteján para o também ex-presidente francês. O que sim sabemos com segurança é que o Senhor Feijó não protestou nem contestou à Fundeu, mas nós desde a nossa modéstia, reivindicaríamos, desde o respeito à opção pró-castelhanista do chefe do PP galego e presidente da “Xunta de Galicia” a forma ALBERTO NÚÑEZ FRIJOL, para sermos justos e exactos e ajudarmos à coerência ideológica de tão preclaro e digno personagem.




2 comentários:

Ulmo de Arxila disse...

Lembro também o caso de Aníbal Otero, que nos anos do franquismo foi enviado a prisom porque os senhores sublevados, dotados de umha cultura quase sobrehumana, encontrárom-lhe ao bom do Aníbal vários cadernos com supostas mensagens em clave... que nom eram outra cousa que textos transcritos foneticamente para o ALPI (Atlas Lingüístico da Península Ibérica).

O. Leão disse...
Este comentário foi removido por um gestor do blogue.
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